Performance com Objetos

--------------------------ou Objetos na arte da Performance ...

Espaço de investigação e compartilhamento de minhas pesquisas criativas, teóricas, virtuais, sensoriais.

Relações entre corpo e objeto na criação de jogos, performances.. Textos, artigos, depoimentos de artistas-pesquisadores da performance. Compartilhamento de processos de oficinas criativas, processos arte e vida.
Por uma ação em relação, pulsante e criativa.



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* Lygia Pape  (1927 - 2004)




Divisor - Performance na 28ª Bienal de São Paulo,  2010.


Nos anos 1950, Lygia Pape questionava o caráter objetual da arte e criava experiências que ressaltavam o processo e o conceito da obra. Inicialmente comprometida com a pesquisa geométrica do movimento concreto, chega mais tarde a um entendimento da arte que incluía, além do raciocínio, a sensibilidade, a criatividade e a participação. Passou a integrar e reconfigurar as percepções e os movimentos cotidianos, misturando linguagens para levá-las ao mundo como narrativa aberta.
Em 1968, Lygia Pape encomenda a confecção de um enorme tecido branco com vários buracos por onde possam passar cabeças e convida um grupo de pessoas a usá-lo ludicamente. Cada uma delas ocupa seu espaço, novos participantes se unem e da reunião coreográfica de movimentos individuais num mesmo corpo forma-se O divisorO tecido repousa sobre os ombros, isolando da vista dos participantes a coreografia improvisada que executam. Quem está dentro vê apenas as cabeças dos outros e as dobras no tecido, combinadas às sombras em movimento. De fora, vislumbra-se um oceano de pessoas em trânsito: individualidades que se afirmam pelo destaque dos rostos, mas cuja caminhada resulta de uma negociação coletiva.



DIVISOR, DE LYGIA PAPE, MARCA ABERTURA DA 29ª BIENAL DE SÃO PAULO-2010

Serão necessárias 200 pessoas para a realização da performance Divisor, da artista Lygia Pape, dia 25 de setembro, na abertura da 29ª Bienal de São Paulo. Documentada em vídeo na exposição, a performance consiste no uso de um tecido branco com 30 m, cheio de fendas dispostas de forma regular que deixam à mostra somente as cabeças, envolvendo todo o corpo de quem participa.



Quando criou o Divisor, Lygia Pape pretendia explorar relações de uma arte/ação coletiva, na qual as pessoas pudessem experimentar estruturas e manifestações performáticas sem que a artista tivesse necessariamente que estar presente. “O Ovo e o Divisor são estruturas tão simples que qualquer pessoa pode repetir. Ideologicamente este tipo de proposta seria uma coisa muito generosa, uma arte pública da qual as pessoas poderiam participar” (Pape em entrevista a Lúcia Carneiro, 1998).

Encenada pela primeira vez em 1968, a performance será uma das atrações no sábado de abertura da 29ª Bienal de São Paulo. Cada participante ocupará seu espaço, novos participantes se unirão e da reunião coreográfica de movimentos individuais, num mesmo corpo, se formará o Divisor.



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"Ações em grupo a partir do objeto, de modo a explorar o lúdico, o prazer do corpo e do movimento, além de memórias e reminiscências nos proporcionam uma vivência que apela para a percepção, para a criação e o contato com o outro. O objeto é, assim, um forte estímulo para a ação criativa, mas é também um registro de sujeitos que o utilizam.
Diferentemente do ator/atriz que cria uma dimensão fictícia para objetos variados, ou que fazem objetos se incorporarem à ficção, nessa abordagem, exploram-se possibilidades expressivas a partir do contato com o objeto, e ao mesmo tempo incorporam-se história, memória e a presença dos seus sujeitos. O objeto é encarado, assim, como o registro de presenças e histórias, e também como um ponto de encontro de pessoas. O objeto não é apenas uma forma, um estímulo formal e potencial para a criação. Tampouco está ele reduzido à sua capacidade de dar corpo à ficção. Um objeto nunca é somente um objeto, assim como o espaço físico nunca é somente uma ordenação espacial [...]"

Extraído do Artigo Objeto Cênico e o Sujeito – História, Memória e Interrelações, de José Fernando A. Stratico - na íntegra aqui -


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* Michel Groisman
Artista carioca com formação em música e artes plásticas. Seus trabalhos mais recentes integram as artes plásticas às artes corporais. Em uma série de trabalhos, Michel explorou exaustivamente as possibilidades de relação de seu corpo com objetos criados por ele, inventando sua própria forma de movimentação.

 








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